GILBERTO FREIRE DE MELO
o mais interessante dessa escrita era a perfei-
ção dos caracteres que, quando riscados de baixo para
cima, eram mais finos, mais estreitos, assim como um
risquinho, porém, quando a pena era usada de cima
para baixo, nas letras verticalizadas, as marcas da tinta
se apresentavam mais cheias, mais largas, mais gros-
sinhas, e fáceis de identificar. Outro detalhe interes-
sante se fixava nas linhas transversais ou inclinadas que
mantinham perfeita simetria como se fossem traçadas
a régua ou outro instrumento. As letras, como se apre-
ção dos caracteres que, quando riscados de baixo para
cima, eram mais finos, mais estreitos, assim como um
risquinho, porém, quando a pena era usada de cima
para baixo, nas letras verticalizadas, as marcas da tinta
se apresentavam mais cheias, mais largas, mais gros-
sinhas, e fáceis de identificar. Outro detalhe interes-
sante se fixava nas linhas transversais ou inclinadas que
mantinham perfeita simetria como se fossem traçadas
a régua ou outro instrumento. As letras, como se apre-
- 70-
ALTO DO RODRIGUES
sentam na foto anexa, não tinham quaisquer caracteres
horizontais. Eram verticais e arredondadas, em abso-
luta estética nas linhas inclinadas. Essa habilidade dava
ao autor uma espécie de conceito e de diploma virtual,
conduzindo-o, pela vida inteira, como um técnico ou
especialista letrado que se igualava, em conceitos da
comunidade, aos advogados, aos tabeliães, aos bacha-
réis em letras.
horizontais. Eram verticais e arredondadas, em abso-
luta estética nas linhas inclinadas. Essa habilidade dava
ao autor uma espécie de conceito e de diploma virtual,
conduzindo-o, pela vida inteira, como um técnico ou
especialista letrado que se igualava, em conceitos da
comunidade, aos advogados, aos tabeliães, aos bacha-
réis em letras.
Naquele tempo, exibir aquele tipo invariável de
caligrafia, era bastante e davam ao autor credenciais
para qualquer currículo. Por essas razões era o calí-
grafo convidado pelos cartórios, quando existentes
nas comunidades maiores, para lavrar escrituras, para
escrever atas de reuniões, contratos civis ou comer-
ciais, de qualquer natureza, quando a existência de
máquinas datilográficas ainda não era sequer sonhada
caligrafia, era bastante e davam ao autor credenciais
para qualquer currículo. Por essas razões era o calí-
grafo convidado pelos cartórios, quando existentes
nas comunidades maiores, para lavrar escrituras, para
escrever atas de reuniões, contratos civis ou comer-
ciais, de qualquer natureza, quando a existência de
máquinas datilográficas ainda não era sequer sonhada
.-
na regiao.
Vale salientar que as primeiras letras do ABC,
Zé
dos Santos aprendeu com um trabalhador idoso pasto-
reador do gado de seu pai, Santos Bangu, que, embora
suas ações de trabalho se limitassem a atividades bra-
çais, sabia ler e ensinava ao seu eventual auxiliar, filho
do patrão. José dos Santos ia para o campo ajudar no
pastoreio das reses, conduzindo sob o chapéu a insepa-
rável Carta de ABC.
dos Santos aprendeu com um trabalhador idoso pasto-
reador do gado de seu pai, Santos Bangu, que, embora
suas ações de trabalho se limitassem a atividades bra-
çais, sabia ler e ensinava ao seu eventual auxiliar, filho
do patrão. José dos Santos ia para o campo ajudar no
pastoreio das reses, conduzindo sob o chapéu a insepa-
rável Carta de ABC.
José dos Santos Anjos era um desses técnicos
espe-
ciais, sempre convidados para registrar atos, fatos, con-
tratos e escrituras, pelo que recebia suas compensações,
cobradas modestamente. Por isso é que se encontram
ainda nos arquivos dos cartórios e das empresas comer-
ciais, sempre convidados para registrar atos, fatos, con-
tratos e escrituras, pelo que recebia suas compensações,
cobradas modestamente. Por isso é que se encontram
ainda nos arquivos dos cartórios e das empresas comer-
- 71 -
GILBERTO FREIRE DE MELO
ciais da região, documentos com as características cali-
gráficas próprias, especiais e inigualáveis de José dos
Santos.
gráficas próprias, especiais e inigualáveis de José dos
Santos.
Sua família, confortável e relativamente
instalada
em Alto Alegre, consistia de esposa, chamada Salvina, e
dos filhos, assim como os conhecemos.
em Alto Alegre, consistia de esposa, chamada Salvina, e
dos filhos, assim como os conhecemos.
Casado e não muito hábil empreendedor, José
dos Santos se viu, quando ainda não tinha filhos, sem
meios de manutenção, o que o obrigou a uma arribada
aventureira para Belém, lá no Pará, de onde foi resga-
tado por seu cunhado, chamado Liberalino, trazendo-o
de volta e instalando-o como administrador de uma
empresa salineira em Areia Branca, onde passou a resi-
dir, aí nascendo alguns de seus primeiros filhos, a seguir
relacionados.
dos Santos se viu, quando ainda não tinha filhos, sem
meios de manutenção, o que o obrigou a uma arribada
aventureira para Belém, lá no Pará, de onde foi resga-
tado por seu cunhado, chamado Liberalino, trazendo-o
de volta e instalando-o como administrador de uma
empresa salineira em Areia Branca, onde passou a resi-
dir, aí nascendo alguns de seus primeiros filhos, a seguir
relacionados.
1 - ANTÔNIO, casado com Ilka, filha de Antô-
nio Bezônio Bezerra, comerciante em Macau, foi
funcionário qualificado da Companhia Comércio e
Navegação, com filial em Macau, aposentando-se
pela Previdência Social, mantendo relativas condi-
ções financeiras e sociais, dentro de um quadro de
classe média alta, que lhe proporcionou uma invejá-
vel formação familiar. Seus filhos: Teresa Cristina,
casada com Airton Torres, que chegou a ser o supe-
rintendente da antiga Cia. Comércio e Navegação,
com filial em Macau-RN; Luciano e Adriano, preco-
cemente falecido.
nio Bezônio Bezerra, comerciante em Macau, foi
funcionário qualificado da Companhia Comércio e
Navegação, com filial em Macau, aposentando-se
pela Previdência Social, mantendo relativas condi-
ções financeiras e sociais, dentro de um quadro de
classe média alta, que lhe proporcionou uma invejá-
vel formação familiar. Seus filhos: Teresa Cristina,
casada com Airton Torres, que chegou a ser o supe-
rintendente da antiga Cia. Comércio e Navegação,
com filial em Macau-RN; Luciano e Adriano, preco-
cemente falecido.
2 - Francisco, que, forçado a casar-se em conse-
qüência de rumorosa aventura e adiantamento nos hon-
rosos "três vinténs" de uma donzela filha de família,
qüência de rumorosa aventura e adiantamento nos hon-
rosos "três vinténs" de uma donzela filha de família,
-72-
ALTO DO RODRIGUES
não querendo "fazer vida" com a vítima, sob
alegação
de que não fora o autor do atentado, se mandou para
o Rio de Janeiro onde, estudou e chegou a oficial da
Aeronáutica.
de que não fora o autor do atentado, se mandou para
o Rio de Janeiro onde, estudou e chegou a oficial da
Aeronáutica.
Filho de
Zé dos Santos, Francisco
de Oliveira Santos, falecido no
Rio de Janeiro, onde seguiu a
carreira militar.
de Oliveira Santos, falecido no
Rio de Janeiro, onde seguiu a
carreira militar.
3 - Vicente;
4 - Lídia;
4 - Lídia;
5 - Estela que se casou com Egídio Fonseca, situ-
ando-se no Açu;
ando-se no Açu;
6 - Maria;
7 - Eulália, casada com Sadock Albuquerque,
aquele do caminhão que trafegava entre Macau e Alto
Alegre, fazendo o percurso diário.
aquele do caminhão que trafegava entre Macau e Alto
Alegre, fazendo o percurso diário.
8 - Elza, a única que permaneceu em Alto
Alegre,
até morrer na casa grande da fazenda.
até morrer na casa grande da fazenda.
9 - Joana D' are de Oliveira Santos, que adotou o
hábito religioso, sob o nome de Irmã Valéria, agregada
à Congregação do Amor Divino, fazendo parte da admi-
nistração do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, em
Açu-RN, posteriormente na comunidade religiosa Pro-
neves, em Emaús, onde a encontramos.
hábito religioso, sob o nome de Irmã Valéria, agregada
à Congregação do Amor Divino, fazendo parte da admi-
nistração do Colégio Nossa Senhora das Vitórias, em
Açu-RN, posteriormente na comunidade religiosa Pro-
neves, em Emaús, onde a encontramos.
- 73-
/'
GILBERTO FREIRE DE MELO
I
rmã Valéria, da congregação do
Amor Divino, atualmente na
administração do PRONEVES,
na comunidade de Emaús,
onde a localizamos.
Amor Divino, atualmente na
administração do PRONEVES,
na comunidade de Emaús,
onde a localizamos.
2 - LENIRA, que se casou com Misael Miga da
Fonseca, bem sucedido e renomado proprietário rural na
Várzea do Açu, já falecidos, hoje representados pelos
seguintes filhos:
Fonseca, bem sucedido e renomado proprietário rural na
Várzea do Açu, já falecidos, hoje representados pelos
seguintes filhos:
Lenira
Santos Fonseca, aqui
homenageada com a descrição de
sua prole.
homenageada com a descrição de
sua prole.
- JOSÉ MARIA (falecido), engenheiro civil;
- JOAQUIM, residente em Recife, engenheiro
civil;
-ANTÔNIO, médico, residente em Natal;
- JOSÉ ANTÔNIO, aposentado do Banco do
Brasil, residente em Açu, aquele mesmo que D. Lenira
deu à luz em conseqüência de um susto que teve em
deu à luz em conseqüência de um susto que teve em
- 74-
ALTO DO RODRIGUES
1936, quando das escaramuças de Manoel Torquato, o
sindicalista já nosso conhecido;
sindicalista já nosso conhecido;
- EUNICE (falecida), casada com o varzeano Fran-
cisco Pimentel Filho, que batizaram e levaram ao pódio
da Universidade, uma numerosa prole, para não variar;
cisco Pimentel Filho, que batizaram e levaram ao pódio
da Universidade, uma numerosa prole, para não variar;
- MARIA JOSÉ - Vale ressaltar a sua vocação para
a historiografia. Acaba de lançar, em noite memorável, a
História de Minha Família -lá dela -, um valioso regis-
tro dos fragmentos históricos das famílias do grande
Vale do Açu. Casada com o caicoense Carlos Aladim de
Araújo, um exímio pé-de-valsa, além do conceito que
desfruta nas mesas de rendas estaduais, por onde passou,
de reconhecida e ilibada conduta moral e administrativa.
Funcionário graduado da Coletoria Estadual, transplan-
tado do Seridó para o Açu, mantém, orgulhosamente, as
suas tradições aliadas às de Miga Fonseca, um autêntico
patriarca da Várzea do Açu.
a historiografia. Acaba de lançar, em noite memorável, a
História de Minha Família -lá dela -, um valioso regis-
tro dos fragmentos históricos das famílias do grande
Vale do Açu. Casada com o caicoense Carlos Aladim de
Araújo, um exímio pé-de-valsa, além do conceito que
desfruta nas mesas de rendas estaduais, por onde passou,
de reconhecida e ilibada conduta moral e administrativa.
Funcionário graduado da Coletoria Estadual, transplan-
tado do Seridó para o Açu, mantém, orgulhosamente, as
suas tradições aliadas às de Miga Fonseca, um autêntico
patriarca da Várzea do Açu.
- JANDlRA, casada (única separada) com o cea-
rense Edson Queiroz de Albuquerque, aposentado do
Banco do Brasil;
rense Edson Queiroz de Albuquerque, aposentado do
Banco do Brasil;
- IOLANDA, casada com o cearense Abelardo
Pires Maia (falecido), aposentado do Banco do Brasil;
- TERESINHA, que preferiu não casar, apesar
dos candidatos e das propostas acumuladas, está aí uma
celebridade em formato de mulher, ainda assediada.
Pires Maia (falecido), aposentado do Banco do Brasil;
- TERESINHA, que preferiu não casar, apesar
dos candidatos e das propostas acumuladas, está aí uma
celebridade em formato de mulher, ainda assediada.
- ZÉLIA - que permaneceu no Açu, onde se casou
com o varzeano José Benevides, da aristocrática grei da
Arenosa.
com o varzeano José Benevides, da aristocrática grei da
Arenosa.
Zé dos Santos transmitiu aos descendentes a sua
especialidade de bom calígrafo, manteve e imprimiu
especialidade de bom calígrafo, manteve e imprimiu